É preciso asfixiar o sistema, diz Gonet sobre combate ao crime organizado

O Combate ao Crime Organizado: Novas Estratégias e Desafios no Brasil

Nesta quarta-feira, no dia 25, o procurador-Geral da República, Paulo Gonet, trouxe à tona um assunto de extrema relevância: a luta contra o crime organizado no Brasil. Ele destacou que o Ministério Público Federal (MPF) tem uma meta clara: asfixiar o crime organizado, prejudicando o poder econômico desses grupos. Durante um seminário promovido pela Esfera Brasil, Gonet comentou que a eficácia do combate ao crime está diretamente ligada a como se pode estrangular o sistema financeiro que sustenta essas organizações.

A Lógica do Lucro Maléfico

De acordo com Gonet, as organizações criminosas são motivadas por um único objetivo: o lucro. Ele argumentou que, se o capital fluir livremente, isso apenas alimenta a multiplicação do dinheiro que retroalimenta o crime. Por isso, uma abordagem eficaz deve considerar o bloqueio de recursos financeiros, o que, segundo ele, é um passo crucial para inibir a ação criminosa.

O Papel do Coaf no Combate ao Crime

Um dos pontos destacados foi a importância do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Este órgão é responsável por receber comunicações e emitir relatórios de inteligência financeira que são fundamentais para o MPF. Esses documentos ajudam na tomada de decisões imediatas, como o bloqueio de contas e a abertura de investigações. O impacto do Coaf no cenário atual é inegável e, em tempos recentes, sua atuação se mostrou ainda mais crucial.

Crescimento das Comunicações Suspeitas

Um estudo intitulado “Lavagem de dinheiro e enfrentamento ao crime organizado no Brasil: reflexões sobre o Coaf em perspectiva comparada”, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e o Instituto Esfera, revelou um aumento alarmante nas comunicações de operações suspeitas ao Coaf. Em apenas nove anos, esse número cresceu 766,6%. Para se ter uma ideia, em 2015, foram registradas 296.183 alertas, enquanto em 2024 esse número saltou para mais de 2.566.713. Isso mostra que, cada vez mais, o sistema financeiro está sendo monitorado em busca de atividades ilegais.

O Impacto dos Relatórios de Inteligência Financeira

Além disso, as Comunicações de Operações em Espécie também apresentaram um crescimento significativo, com um aumento de 353,6%. Elas passaram de 1.085.986 em 2015 para 4.926.013 em 2024. Os Relatórios de Inteligência Financeira (RIFs), que são documentos elaborados pelo Coaf, também cresceram de 4.304 para 18.762 no mesmo período. Esses dados são essenciais, pois ajudam a identificar práticas ilegais, como a lavagem de dinheiro.

Desafios Persistentes

Contudo, apesar do aumento nas atividades e do volume de informações coletadas, o estudo aponta um desafio significativo: a quantidade de servidores que trabalham no Coaf é insuficiente para atender às demandas operacionais e analíticas necessárias para enfrentar o cenário complexo do crime organizado no Brasil. A situação é ainda mais complicada quando se considera o crescimento do poder das organizações criminosas ligadas ao narcotráfico.

O Uso de Novas Tecnologias

O relatório também menciona que os mecanismos de lavagem de dinheiro estão se tornando cada vez mais sofisticados. As organizações criminosas estão adotando novas tecnologias, como criptoativos, fintechs e plataformas de apostas online, para dificultar a identificação de suas atividades ilícitas. Isso apresenta um desafio adicional para as autoridades, que precisam se adaptar constantemente a essas inovações.

Conclusão

Portanto, a luta contra o crime organizado no Brasil é um tema que exige atenção constante e estratégias atualizadas. O MPF, por meio do Coaf e outras ferramentas, busca desmantelar essas organizações, mas os desafios são grandes. A sociedade também deve estar atenta e apoiar essas iniciativas. Afinal, o combate ao crime é uma responsabilidade coletiva.

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