Um parapentista brasileiro, Rodrigo Chaddad Raineri, de 55 anos, faleceu em um acidente durante um salto no norte do Paquistão. O acidente ocorreu na segunda montanha mais alta do mundo, o K2. Raineri era residente de São Pedro, no interior de São Paulo.
Ele fazia parte de um grupo de sete pessoas que se dirigiam ao acampamento base do K2. No entanto, foi o único que optou por praticar parapente. Segundo Muhammad Nazir, porta-voz da polícia local em Shigar, onde ocorreu o acidente, o paraquedas teria se rompido, resultando na queda.
O grupo também incluía duas pessoas da França, duas dos Estados Unidos, uma da Bulgária e uma da Suíça. O corpo de Rodrigo foi recuperado e será repatriado ao Brasil após contato com a família.
Além disso, três alpinistas japoneses morreram em dois incidentes no início da temporada de escalada.
Rodrigo, natural de Ibitinga (SP), residia em São Pedro, na região da Serra do Itaqueri. Ele frequentemente compartilhava sua rotina de esportes de aventura nas redes sociais. Com um perfil no Instagram que contava com 11 mil seguidores, Rodrigo postava fotos e vídeos de seus saltos.
Em sua descrição no perfil, ele se declarava apaixonado por viagens, natureza e tecnologia. Há três dias, Rodrigo havia postado um vídeo de outro salto realizado no Paquistão, mencionando que o K2 seria o próximo destino do grupo.
Escalador completo
Rodrigo Raineri era reconhecido como um escalador “completo” e estava entre os alpinistas mais técnicos do Brasil, com mais de 30 anos de experiência em rocha, gelo e alta montanha, conforme descrito em seu site profissional.
Liderou centenas de expedições ao redor do mundo, sendo o primeiro brasileiro a escalar o Monte Everest três vezes. Em 2016, tornou-se o único brasileiro a guiar expedições aos Sete Cumes, projeto que envolve escalar as montanhas mais altas de cada continente.
Em 2019, completou sua sexta expedição à montanha mais alta do planeta, alcançando mais de 8,8 mil metros de altitude.
Junto com Vitor Negrete, formou a única dupla brasileira a escalar a Face Sul do Aconcágua, a montanha mais alta das Américas, com 6.962 metros de altitude. Esta subida é considerada uma das mais difíceis do mundo, e a conquista representa um marco no montanhismo brasileiro.
Com seu parceiro, Rodrigo também escalou o Aconcágua durante o inverno, enfrentando temperaturas de -30ºC e uma tempestade de neve.
Em 2013, ele realizou uma de suas expedições ao topo do Monte Everest, a maior montanha do mundo, localizada na Ásia. A expedição durou 67 dias e, durante a subida, Rodrigo utilizou uma máscara de oxigênio. A temperatura chegou a -29ºC, com sensação térmica de -50ºC.
“Chegar no cume do Everest é sempre uma sensação indescritível, muito bom. Eu acho que a gente buscando grandes conquistas, realização de sonhos, a gente tem mais motivação para viver”, comentou Rodrigo à época.
Formado em Engenharia de Computação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Rodrigo Raineri também era diretor de uma empresa de turismo, além de atuar como palestrante e consultor.
O atleta proferiu mais de 1,8 mil palestras sobre temas motivacionais, segurança do trabalho, cultura e educação.
Além disso, Rodrigo ministrava cursos de escalada e resgate, desde os níveis básicos até os mais avançados, e liderou mais de uma centena de expedições ao redor do mundo.
Ele é autor dos livros “No Teto do Mundo” e “Imagens do Teto do Mundo”.
Em 2015, Rodrigo organizou uma campanha de doações de roupas e alimentos para ajudar vítimas de um terremoto no Nepal, que deixou mais de 5 mil mortos. Naquela época, o montanhista brasileiro já havia viajado mais de 15 vezes para o país.