O Monte Rinjani, na Indonésia, que atrai tantos aventureiros do mundo inteiro por sua beleza imponente, se tornou palco de uma história triste, mas também de muita coragem. Quem acompanha montanhismo e turismo de aventura talvez já tenha cruzado com o nome de Agam Rinjani — o guia local que ganhou atenção nos últimos dias após liderar o difícil resgate da brasileira Juliana Marins.
Agam, conhecido na região por sua experiência em trilhas e resgates na montanha, usou suas redes sociais pra contar, de forma sincera e até dolorida, como foi tentar salvar Juliana. Numa das postagens mais tocantes, ele escreveu que passou a noite inteira segurando o corpo dela, pra que ela não caísse ainda mais no penhasco. A jovem já estava ferida e em uma situação extremamente delicada.
“Não consegui dormir até agora. É muito triste. Não conseguimos salvá-la… Ficamos com ela a noite toda na beira de um penhasco. Segurei a Juliana pra que ela não caísse mais 300 metros,” contou Agam, em entrevista ao jornal O Globo.
Durante uma transmissão ao vivo, ele também revelou que quase perdeu a vida durante o resgate. Em certo momento, dormiu pendurado em cordas, enquanto pedras caiam do alto da encosta. “Só por Deus não morremos,” disse ele, visivelmente abalado.
A família de Juliana, que vinha acompanhando tudo à distância, demonstrou enorme gratidão pelo esforço e coragem do guia e sua equipe. “A gente sabe que as condições eram muito difíceis. Eles fizeram o impossível pra chegar até ela. Somos eternamente gratos,” declarou um parente em redes sociais.
Apesar de muitos brasileiros chamarem Agam de “herói” ou “anjo”, ele se mostrou bastante humilde e triste com o desfecho da história. “Obrigado por todas as palavras, mas eu não consegui salvá-la”, escreveu ele em uma publicação que teve milhares de comentários de apoio.
A irmã de Juliana, Mariana Marins, também publicou uma carta aberta nas redes sociais se despedindo da jovem. As palavras tocaram profundamente quem leu. Em um dos trechos mais fortes, ela fala sobre a dor, mas também da luz que Juliana espalhava por onde passava. O post viralizou rapidamente.
A investigação feita pelas autoridades locais indicou que Juliana sofreu uma queda inicial no sábado, dia 21 de junho. Depois disso, teve uma segunda queda, ainda mais grave, que a levou pra uma área muito difícil de acessar. Isso atrasou o resgate e dificultou ainda mais o trabalho dos socorristas.
Esse caso acabou reacendendo um debate que já vinha acontecendo entre montanhistas e turistas: a falta de infraestrutura e segurança em trilhas da região. Rinjani já tinha sido palco de outros acidentes parecidos nos últimos anos, mas dessa vez o caso teve uma repercussão maior por envolver uma turista estrangeira e pela comoção causada nas redes.
Agora, além da dor pela perda de Juliana, fica também o questionamento: será que os órgãos responsáveis vão, de fato, tomar providências? Ou tudo vai cair no esquecimento como tantos outros casos?
Enquanto isso, Agam segue trabalhando, mas com o coração apertado. Ele não conseguiu salvar Juliana, mas pra muita gente, o que ele fez já foi além do que qualquer um poderia esperar. E talvez, no fim das contas, isso seja o verdadeiro significado de heroísmo.