Carona de Janja e Moraes na FAB vai parar no MPF; entenda

A viagem feita pela primeira-dama Janja da Silva e pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, em um voo da Força Aérea Brasileira (FAB), junto com o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, virou caso sério. A tal “carona” acabou caindo nas mãos do Ministério Público Federal (MPF) após virar notícia nesta segunda-feira, 30 de junho. E, claro, não demorou pro barulho começar em Brasília.

Quem puxou o freio de mão foi o deputado federal Kim Kataguiri (União-SP), que entrou com uma representação no MPF. Ele quer que o órgão investigue se houve uso indevido da aeronave oficial. Na visão de Kataguiri, a situação pode ser considerada improbidade administrativa por parte de Lewandowski. E a coisa fica ainda mais grave quando se leva em conta que a viagem não estava em agenda oficial nem foi justificada por interesse público concreto.

Segundo Kataguiri, a presença da primeira-dama, que não tem função pública formal, e de uma autoridade do Judiciário em voo da FAB, fora de compromissos divulgados previamente, levanta uma baita suspeita de desvio de finalidade. “Pode ter consequências civis, penais e administrativas”, destacou o deputado, num tom que mistura preocupação e crítica política.

Bolsonaristas na bronca

A turma mais ligada ao ex-presidente Jair Bolsonaro também não deixou barato. O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), e o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) foram dois dos que subiram o tom. Nikolas, conhecido pelo estilo direto nas redes sociais, foi pra cima de Alexandre de Moraes. Disse que o ministro “nem disfarça” o favoritismo ao estar no mesmo voo que Janja, esposa do atual presidente Lula, enquanto é relator do famoso “inquérito do golpe”.

“Imagina o que não foi falado durante essa viagem. É uma imoralidade sem fim”, disparou Nikolas, sem economizar na crítica. Já Sóstenes foi mais irônico. Ao compartilhar a notícia, escreveu apenas: “Já pagou seus impostos hoje?”. Foi uma alfinetada no uso de recursos públicos que, segundo ele, poderia estar sendo mal empregado.

O que dizem os registros

De acordo com os dados da Aeronáutica, o voo da FAB saiu de Brasília às 9h15 e chegou ao Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, às 10h50. Estavam a bordo 12 passageiros. Oficialmente, nem a FAB nem o Ministério da Justiça divulgaram quem estava na aeronave. Mas fotos e vídeos enviados à imprensa mostram claramente Janja e Moraes desembarcando ao lado de Lewandowski e seguranças.

A assessoria de imprensa da primeira-dama confirmou a viagem. Segundo o comunicado, Janja aproveitou o voo já solicitado por Lewandowski para ir a uma consulta ginecológica em São Paulo. A justificativa foi de que a carona não gerou gastos extras para o governo federal. “Ela apenas pegou carona num voo já previsto, sem custos adicionais pra União”, explicou a nota.

E o outro lado?

Apesar das cobranças e da pressão, nem o Ministério da Justiça nem o Supremo Tribunal Federal se pronunciaram até agora sobre o episódio. O espaço segue aberto pra ambos, caso queiram explicar melhor o contexto da viagem.

No meio disso tudo, o que fica é mais um capítulo do eterno embate político no Brasil, onde até uma carona de avião vira combustível pra discussões sobre ética, transparência e o uso do dinheiro público. E como sempre, quem acompanha de longe se pergunta: seria mesmo só uma simples carona?