Bactéria pode ser grande aliado para controlar mosquitos da dengue, afirma estudo

Uma nova descoberta sobre uma bactéria chamada Asaia pode ajudar a melhorar os métodos de controle do mosquito Aedes aegypti, aquele que transmite a dengue, zika e chikungunya. A pesquisa foi realizada por cientistas das universidades de Exeter, na Inglaterra, e Wageningen, na Holanda, e mostrou como essa bactéria afeta o desenvolvimento das larvas do mosquito. O estudo foi publicado na revista científica Journal of Applied Microbiology na última segunda-feira (4).

Os pesquisadores afirmam que essa descoberta pode trazer avanços importantes nas formas de controlar o Aedes aegypti. Isso porque, quando a bactéria Asaia entra em contato com as larvas do mosquito, ela acelera o seu desenvolvimento. Normalmente, as larvas do mosquito demorariam cerca de 10 dias para se transformar na forma adulta, mas com a presença da bactéria, esse processo é acelerado, acontecendo em apenas um dia.

Essa descoberta pode ser uma grande aliada dos programas de combate a doenças transmitidas por mosquitos. Hoje em dia, muitos desses programas soltam mosquitos machos estéreis ou que não transmitem doenças, com o objetivo de diminuir a população de mosquitos na natureza. Esses insetos machos não picam e, como não conseguem se reproduzir, ajudam a reduzir a quantidade de mosquitos na área. No entanto, muitos insetos têm se tornado resistentes a inseticidas, tornando os métodos tradicionais menos eficientes. Por isso, programas de liberação de mosquitos estéreis podem ser mais eficazes do que a pulverização de inseticidas em larga escala. E, com a ajuda da bactéria Asaia, o processo de produção desses mosquitos pode ser acelerado, o que é uma grande vantagem.

Ben Raymond, um dos pesquisadores envolvidos no estudo e professor do Centro de Ecologia e Conservação da Universidade de Exeter, comentou sobre a importância dessa descoberta. “Sabemos que todos os seres vivos, inclusive os humanos, dependem de um microbioma, que é a mistura de microrganismos que vivem dentro de nós”, disse ele. Ele explicou que as larvas do mosquito Aedes aegypti não conseguem se desenvolver sem um microbioma adequado, e que as bactérias Asaia podem ajudar nesse processo, trazendo benefícios diretos para as larvas.

No experimento, os cientistas colocaram a bactéria Asaia na água onde as larvas do mosquito se desenvolviam. Mas ainda não está completamente claro como a bactéria age nesse processo. Os pesquisadores suspeitam que a Asaia possa fornecer algum tipo de benefício nutricional para as larvas, o que acelera o seu desenvolvimento. Porém, mais estudos serão necessários para entender com mais precisão como essa interação acontece.

Essa pesquisa mostra mais uma vez a importância de entender os microrganismos que convivem com a gente e com os animais. Eles podem ter papéis cruciais que nem imaginamos e, no caso do controle de mosquitos, a bactéria Asaia pode ser uma grande aliada. A ideia de usar microrganismos de maneira estratégica para controlar a população de mosquitos sem precisar recorrer ao uso de químicos pesados é um caminho promissor, não só por ser mais sustentável, mas também porque pode ser mais eficiente a longo prazo.

O estudo traz uma nova perspectiva para os métodos de controle de doenças transmitidas por mosquitos e reforça a importância de continuar pesquisando novas alternativas. Com mais descobertas como essa, quem sabe o futuro nos reserva formas mais eficazes e naturais de combater essas doenças que tanto afligem a população mundial. É claro que ainda há muito a se investigar, mas essa pesquisa já é um passo importante para um controle mais inteligente e menos invasivo do Aedes aegypti.