Após desistir de voltar ao Brasil, Bolsonaro pode ficar sem asilo

O ex-chefe do poder executivo, Jair Bolsonaro disse a interlocutores próximos nos últimos dias que não voltará ao Brasil se sua prisão for decretada ou mesmo se ele entender que esta seja uma possibilidade real.

Bolsonaro analisa pedir asilo em diferentes países, porém foi informado que não poderá ficar nos Estados Unidos. O presidente Joe Biden, que tem Donald Trump nos calcanhares, irá participar da frente mundial pela democracia que será liderada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e não há possibilidade de conceder novo visto a Bolsonaro.

A opção italiana tudo indica que foi descartada. A primeira-ministra Giorgia Meloni, embora seja de extrema direita, reprovou a tentativa de golpe bolsonarista que ocorreu no último dia 8 de janeiro e sinaliza que Bolsonaro não será acolhido no país. Isso também acontece no governo húngaro de extrema direita de Viktor Orbán.

Desse modo, Bolsonaro teria apenas as opções de governos no Oriente Médio e nesses países, suas opções nos dias atuais estariam reduzidas a duas, Catar ou Arábia Saudita -contudo os interesses comerciais dos países com o Brasil podem dificultar os planos do ex-presidente.

Em solo brasileiro, até mesmo as frentes do PL, que defendiam sua volta urgente para o país, para liderar a oposição ao governo Lula, começam a considerar que é mais prudente Bolsonaro permanecer no exterior. Tanto para ele, pelo isolamento político quase total, como para o PL, que quer manter distância.

O que Bolsonaro diz sobre o caixa 2 no Planalto investigado pelo STF

Na noite desta última sexta-feira, Jair Bolsonaro se pronunciou, sobre as especulações de que seu principal ajudante de ordens no Palácio do Planalto, o tenente-coronel do Exército Mauro Cesar Barbosa Cid, operava uma espécie de caixa 2 com recursos em espécie que eram utilizados, inclusive, para custear contas pessoais da primeira-dama Michelle Bolsonaro e de familiares dela.

O ex-chefe do poder executivo respondeu por escrito a uma sequência de questionamentos enviadas pela coluna, que, horas antes, revelou detalhes de investigações que correm no Supremo Tribunal Federal sob o comando do ministro Alexandre de Moraes.

Confira algumas das principais perguntas e respostas

Eis as perguntas e respostas:

Por que o tenente-coronel Mauro Cesar Cid e sua equipe pagavam contas e outras despesas do senhor e de seus familiares em dinheiro vivo?
Conforme o decreto número 10.374, de 2020, compete e faz parte das atribuições da ajudância de ordens prestar os serviços de assistência direta e imediata ao presidente da República nos assuntos de natureza pessoal, em regime de atendimento permanente e ininterrupto, em Brasília ou em viagem, receber correspondências e objetos entregues ao presidente da República em cerimônias e viagens e encaminhá-los aos setores competentes, e realizar outras atividades determinadas pelo chefe do gabinete pessoal do presidente da República.

Por qual razão eram feitos saques a partir de cartões corporativos?
Nunca foram feitos saques do cartão corporativo pessoal que ficava nas mãos dos ajudantes de ordens, bem como nunca se utilizaram do mesmo.

Essas transações tinham aval do senhor?
Nunca foram feitos saques do cartão corporativo pessoal que ficava nas mãos dos ajudantes de ordens, bem como nunca se utilizaram do mesmo.

Como o tenente-coronel manejava também dinheiro sacado de cartões corporativos, como é possível garantir que não havia uma mistura dos recursos ao pagar despesas que eram pessoais, incluindo algumas da família da primeira-dama?
Os ajudantes de ordens nunca fizeram saque no cartão corporativo, bem como nunca se utilizaram do mesmo.

O senhor tinha conhecimento de que o tenente-coronel manejava também recursos sacados de cartões corporativos de outros órgãos, inclusive de organizações militares?
Os ajudantes de ordens nunca tiveram acesso a nenhum cartão corporativo de nenhum órgão e muito menos de nenhuma organização militar. Isso é facilmente comprovado no Portal da Transparência.