Lavagem de dinheiro: entenda como Nego Di ganhava dinheiro com sorteios virtuais

O influenciador Dilson Alves da Silva Neto, conhecido como Nego Di, está no meio de uma grande polêmica. Com prêmios tentadores como dinheiro instantâneo via PIX, celulares e videogames, ele atraiu muitos seguidores para seus sorteios virtuais. No entanto, o que parecia ser uma chance de ganhar prêmios a preços baixos acabou virando uma grande investigação. O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) revelou que, na verdade, esses sorteios podem ser uma forma disfarçada de lavagem de dinheiro.

Em uma das promoções, Nego Di fez um anúncio chamativo: “Pessoal, 30 mil no Pix, mais um iPhone 15 e um PlayStation 5 por só 15 centavos, e já tá com 50% de desconto. E se você acha que tá pouco, tem mais: mil reais na hora no Pix! Compra rápido, que isso tá indo pra finaleira. O resultado sai pela loteria federal, e sem trabalho vai tudo…”. Um texto bem informal e típico do jeito que ele costuma se comunicar com seu público.

Tudo parecia ser um jogo divertido até que, em janeiro, ele promoveu o sorteio de um carro de luxo blindado, o que chamou a atenção do MP. Na sexta-feira (12), tanto ele quanto sua esposa, Gabriela Sousa, foram alvos de uma operação em Santa Catarina. Gabriela foi presa em flagrante, mas pagou uma fiança de R$ 14 mil e foi liberada.

Os advogados do casal disseram em nota que ainda não tiveram acesso aos detalhes do inquérito e garantiram que todas as informações e a inocência deles serão demonstradas durante o processo.

A investigação revelou que o dinheiro arrecadado com os sorteios estava sendo transferido para contas vinculadas à esposa de Nego Di, além de empresas e até parentes. A movimentação financeira chegou a impressionantes R$ 2,6 milhões. O influenciador chegou a anunciar um Porsche dizendo: “Essa Porsche pode ser sua por apenas 0,99 centavos. São 10 bilhetes premiados de 10 mil cada.”

O promotor de Justiça Flávio Duarte afirmou que todo esse esquema é caracterizado como lavagem de dinheiro. Segundo ele, os valores das rifas eram inicialmente depositados em contas de terceiros e, depois, retornavam para empresas, criando a aparência de legalidade. “Todo esse mecanismo de dissimulação e distanciamento da origem ilícita caracteriza o crime de lavagem de dinheiro”, explicou Duarte.

Além disso, os investigadores descobriram que Nego Di usou parte dos recursos para comprar dois carros, que somam mais de R$ 630 mil. O MP agora tenta descobrir se esses veículos foram sorteados e o que aconteceu com eles. Duarte comentou que não havia controle adequado sobre as rifas e nem uma data definida para os sorteios. “No meio do sorteio, o veículo foi vendido e não houve demonstração de que o sorteio tenha realmente ocorrido. O carro foi vendido diretamente por uma empresa parceira, e mesmo após a venda, ainda entravam valores nas contas do Nego Di referentes à rifa”, detalhou o promotor.

Em resumo, o caso de Nego Di mostra como algo que parece inofensivo e divertido pode rapidamente se transformar em um grande problema legal. A investigação ainda está em andamento, e todos os envolvidos esperam que as verdadeiras circunstâncias sejam esclarecidas. A defesa continua pedindo cautela e evita especulações enquanto o processo segue seu curso.